Falhas de combustão devido a aplicação incorreta da correia auxiliar.
Assista o vídeo ou leia o conteúdo completo sobre a resolução do problema de falhas de combustão devido a aplicação incorreta da correia auxiliar do Peugeot 207 1.4! O conteúdo é parte de uma live com o Suporte Técnico da Doutor-IE.
Veículo:
- Peugeot 207 1.4 8V Flex 80/82cv (TU3JP – KFW)/ME 7.4.9
Detalhes iniciais:
O veículo chegou na oficina parceira para realizar uma manutenção mecânica no cabeçote do motor. Nesse serviço foi realizada a retífica do cabeçote, como também a substituição da junta do cabeçote e de outros componentes necessários para o reparo;
Ao finalizar o reparo, o veículo começou a apresentar códigos de falha generalizados relacionados a falhas de combustão nos cilindros. Na Plataforma Doutor-IE, esses códigos tem as seguintes descrições:
- P1336: Detectado Falha de Combustão (Misfire) em Pelo Menos Um Cilindro;
- P1337: Detectado Falha de Combustão (Misfire) no Cilindro 1;
- P1338: Detectado Falha de Combustão (Misfire) no Cilindro 2;
- P1339: Detectado Falha de Combustão (Misfire) no Cilindro 3;
- P1340: Detectado Falha de Combustão (Misfire) no Cilindro 4;
Para entender mais sobre códigos de falhas, temos um conteúdo exclusivo.
Diagnóstico:
Baseado nos códigos de falhas observados, o reparador havia iniciado uma série de testes para eliminar a possibilidade de problemas em componentes que poderiam estar provocando as falhas de combustão. Antes de entrar em contato com o Suporte Técnico do Doutor-IE o reparador havia substituído as velas e a bobina ignição.
Uma curiosidade desse caso é que os códigos de falha surgiam sempre após a rotação do motor atingir 2000 rpm. Ou seja, ao atingir 2000 rpm, os códigos de falha eram gravados na memória da central e o veículo passava apresentar problemas de dirigibilidade em todas as faixas de rotação.
O consultor da Doutor-IE que estava responsável pelo caso orientou que o cliente fizesse a verificação dos injetores de combustível e, como o veículo primeiramente chegou na oficina para realizar um trabalho de reparo no cabeçote, também solicitou os testes de compressão e vazamento dos cilindros, para garantir que não havia problemas no serviço feito pela retífica de motores. Para o motor desse veículo a pressão de compressão durante a partida deve ser de aproximadamente 13,50 bar.
Na Plataforma Doutor-IE temos o manual de oscilogramas que possui diversas informações como: sincronismo do motor (CKPxCMP), sinais de sensores e atuadores, redes de comunicação, entre outros, inclusive a pressão de compressão do cilindro (durante a partida), conforme o gráfico abaixo:
Com isso, concluiu-se que não havia avarias, tanto o teste dos injetores quanto os testes de pressão de compressão e vazamento dos cilindros estavam de acordo. Porém, os códigos de falha referentes a falhas de combustão continuavam a aparecer assim que o motor atingia 2000 rpm.
Seguindo com o diagnóstico, o reparador foi orientado a realizar o teste do “desligômetro” do sensor de detonação a fim de verificar se, ao desconectá-lo, o veículo continuaria a apresentar os códigos de falha. Contudo, o problema persistia.
Uma outra orientação feita ao reparador foi de desmontar a correia auxiliar do motor do veículo a fim de eliminar a possibilidade de algum componente (como o alternador) estar provocando interferência eletromagnética em componentes eletrônicos mais sensíveis. O alternador do veículo consiste em um gerador que transforma energia mecânica em energia elétrica e como seu funcionamento se baseia na geração de um campo magnético de grande intensidade, em situações de operação incorreta do alternador, pode afetar o funcionamento de alguns componentes eletrônicos.
Após a desmontagem da correia, o veículo parou de apresentar os códigos de falha referentes a falhas de combustão.
Nesse momento, antes de partir para uma análise referente à interferências eletromagnéticas, foi solicitado ao cliente que informasse quais peças novas tinham sido colocadas no veículo. Dentre as informações das peças novas, o reparador informou o código da correia auxiliar que havia sido instalada no veículo. Com a experiência nesse tipo de diagnóstico, o consultor da Doutor-IE verificou que o código da correia instalada no veículo estava incorreto.
O código da correia auxiliar instalada no veículo era 6PK1560, porém, o código da correia correta deveria ser a 6PK1565. Note que apenas o último dígito dos códigos é diferente.
Os códigos das correias auxiliares possuem duas informações relevantes que são: número de ranhuras e o comprimento da mesma (em milímetros). A seguir temos um exemplo genérico de como podemos interpretar essas informações para qualquer tipo de correia auxiliar.
Após identificar o erro de aplicação da correia auxiliar, passou-se a estudar o motivo da diferença de tamanho entre as correias estar acarretando em códigos de falha referentes a falhas de combustão nos cilindros.
Por que a aplicação errada da correia auxiliar gera falha de combustão?
Como a correia que havia sido instalada no veículo tinha um comprimento menor (5 mm) que a original, o tensionador automático acabava desempenhando sua função (que é remover a folga e amortecer as vibrações) em seu curso máximo, ou seja, no limite. Com isso, o tensionador “trabalhava” tensionando demais a correia em um instante de tempo e em outro tensionando de menos.
Essa variação de tensionamento da correia causava mudanças repentinas na velocidade do motor, elevando a velocidade (momento de baixo tensionamento) e, em seguida, abaixando a velocidade (momento de alto tensionamento) muito rapidamente. Com isso, a UCE do motor interpretava essas mudanças de velocidade repentinas como falhas de combustão, pois, ao desacelerar abruptamente, a UCE entendia que o cilindro em questão não estava gerando a mesma potência dos demais.
E como o defeito acontecia em diversos momentos de operação do motor a UCE acabava verificando esse fenômeno em todos os cilindros.
Solução encontrada:
Após realizar a troca da correia auxiliar e excluir os códigos de falhas, o veículo voltou a funcionar normalmente.
Dica Doutor-IE:
Para o motor desse veículo, entre modelos com e/ou sem direção hidráulica e ar-condicionado, o caminho que a correia faz através das polias, tensionadores e rolamentos apresenta configurações diferentes e podem causar confusão no momento da instalação. Como mostramos, também existem diferenças de tamanho entre as correias. O exemplo abaixo é de um veículo equipado com direção hidráulica e ar-condicionado.
Na Plataforma Doutor-IE estão publicadas as aplicações e o esquema de instalação da correia auxiliar de cada modelo para auxiliar o reparador na realização do serviço.