Aqui você encontrará informações úteis e dicas importantes relacionadas ao sensor de temperatura do ar de admissão – ACT nos veículos!
O sensor de temperatura do ar de admissão, também conhecido como Sensor ACT, é responsável por informar ao sistema de injeção eletrônica a temperatura da massa de ar admitida para que seja possível estimar a densidade de ar e consequentemente equilibrar a mistura ar/combustível.
Praticamente todos os motores a combustão interna necessitam realizar o monitoramento da temperatura do ar admitido, em função de melhorar a economia de combustível, a potência em solicitações de carga, auxiliar na partida, entre outros motivos que auxiliam nos cálculos realizados pela UCE do motor.
A partir das informações obtidas através do sinal do sensor ACT, em conjunto com outros componentes, a UCE do motor calcula a melhor estratégia de funcionamento do sistema de injeção eletrônica, como por exemplo nos motores ciclo otto, o tempo de injeção de combustível e o avanço de ignição. Nos motores a diesel, pode auxiliar no atraso da abertura da válvula EGR até o motor aquecer e no tempo e a quantidade de injeção de combustível.
Nos veículos mais atuais, o sensor ACT fica localizado geralmente entre o filtro de ar e o coletor de admissão do motor. Porém, nos veículos mais antigos, como Fiat Tempra 2.0 8V, este sensor está localizado sobre a tampa do corpo de borboleta. Outro exemplo é o Chevrolet Vectra B, onde o sensor ACT está localizado diretamente no coletor de admissão. Acompanhe a matéria para saber mais sobre esse assunto!
Neste post você vai ver:
- Monitoramento da Temperatura do Ar de Admissão
- Possíveis localizações do sensor ACT
- Funcionamento do sensor ACT
- Testando o sensor ACT
- Sintomas de defeitos que podem estar relacionados com o sensor ACT
- Códigos de falhas OBD genéricos relacionados ao sensor ACT
Monitoramento da Temperatura do Ar de Admissão
Qual a importância?
Sendo um dos parâmetros mais importantes para que o motor funcione de forma eficiente, o monitoramento da temperatura do ar de admissão dita, junto com os outros parâmetros do sistema de injeção, como o motor irá funcionar, auxiliando nos cálculos realizados pela UCE do motor.
A temperatura do ar admitido, dependendo da situação, pode poupar gastos ao proprietário do veículo, já que o ar em baixas temperaturas é mais denso que o ar quente. Assim, mais moléculas de oxigênio estarão entrando na câmara de combustão e mais combustível será injetado para que a mistura ar/combustível seja feita nas proporções corretas.
Para atingir a máxima potência do motor, o ar que entra na câmara de combustão deve ser frio. Ar mais denso significa mais moléculas de oxigênio em um espaço menor, permitindo uma injeção maior de combustível e consequentemente uma explosão mais intensa.
Quando um motor é equipado com turbocompressor, por exemplo, ele comprime o ar de admissão e consequentemente eleva a sua temperatura. Esta massa de ar quente contém menos oxigênio, o que afetará negativamente a potência, torque e emissões. Para contornar esse problema existe o chamado intercooler que atua como um intermediário entre o duto de admissão da turbina e os cilindros. O intercooler tem o objetivo de resfriar o ar comprimido antes de chegar à câmara de combustão. Isso aumenta a eficiência volumétrica e o desempenho geral do motor.

Também é importante ressaltar que o ar admitido com temperatura elevada é um dos fatores que pode influenciar no surgimento de um problema chamado de detonação.
O que são detonações no motor?
A detonação é definida como a queima espontânea de uma parcela da mistura ar+combustível ainda não queimada na câmara de combustão. Se a chama principal, proveniente da vela de ignição, queimar toda a mistura antes que ocorram queimas espontâneas por conta de elevações na temperatura e pressão dentro da câmara de combustão, então a combustão será considerada normal. Em contrapartida, se uma parte da mistura entrar em combustão espontaneamente, irá provocar um aumento muito brusco da pressão, proporcionando a propagação de ondas de choque.
Esse fenômeno pode provocar um ruído característico conhecido por “batida de pino” (embora não estejam acontecendo “batidas” entre quaisquer componentes do motor). A detonação pode causar o deterioramento na superfície de contato da cabeça do pistão.
Detonações contínuas podem provocar o aparecimento de pontos incandescentes na câmara de combustão, por exemplo, em regiões carbonizadas da cabeça do pistão, nos eletrodos da vela, nas válvulas de escape, entre outros.
Esses pontos incandescentes podem facilitar a ignição da mistura antes da centelha proveniente da vela de ignição, e assim surgir um fenômeno muito mais perigoso à integridade do motor chamado de pré-ignição. Este fenômeno causa a elevação da pressão e temperatura na câmara de combustão antes do pistão atingir o PMS (ponto morto superior), o que pode favorecer o surgimento da detonação. Ou seja, os fenômenos (detonação e pré-ignição) se realimentam. Com isso, quanto menor a temperatura da mistura na câmara de combustão, menos provável a ocorrência da detonação e pré-ignição.

Para evitar esses fenômenos, existe um sensor específico para identificar as combustões anormais. Leia na íntegra o post que escrevemos sobre o Sensor de Detonação!
A central de injeção altera a relação ar/combustível atuando no intervalo do tempo de acionamento dos injetores e na abertura da borboleta. Quando o sensor ACT começa a falhar, pode-se imaginar que isso causará mudanças significativas no desempenho do veículo.
Possíveis localizações do sensor ACT
Os fabricantes de automóveis geralmente instalam o sensor ACT entre o filtro de ar e o coletor de admissão do motor. Nos veículos mais atuais este sensor é acoplado ao sensor MAF (Sensor de Massa de Ar Admitida) formando um só componente. Alguns fabricantes instalam dois sensores de temperatura do ar de admissão em motores do tipo V, quando os coletores de admissão são separados ou divididos.

Funcionamento do sensor ACT
O sensor de temperatura do ar de admissão (ACT) é um termistor, ou seja, seu sinal varia dependendo das mudanças na temperatura do ar. Podemos dizer que seu comportamento se assemelha ao sensor de temperatura da água.
Neste tipo de sensor, a central de injeção aplica uma tensão de referência (geralmente 5 volts), que através de um divisor de tensão identifica as mudanças na temperatura do ar de admissão. Isso é possível em virtude da variação do valor da resistência interna do sensor, que por sua vez altera o sinal lido pela central de injeção.

A maioria dos sensores ACT são termistores de coeficiente de temperatura negativo (NTC), ou seja, a temperatura do ar é inversamente proporcional ao valor da resistência interna do sensor. Quando a temperatura do ar admitido sobe a resistência do sensor tende a diminuir.
Contudo, alguns sensores ACT funcionam de maneira inversa. São os chamados termistores de coeficiente de temperatura positiva (PTC), que apresentam uma diminuição no valor da resistência interna quando a temperatura do ar admitido diminui e aumentam o valor proporcionalmente ao aumento de temperatura.
Testando o sensor ACT
Sempre que o reparador se depara com uma situação em que os sintomas de defeitos, ou códigos de falha, apontam para o sensor de temperatura do ar admitido, deve-se verificar a integridade do sinal de saída do sensor. No caso do sensor ACT, como o sinal varia de forma lenta, os testes podem ser realizados com o auxílio de um multímetro.
Teste e análise do sinal
A variação do sinal enviado pelo sensor muda de acordo com o sensor aplicado ao veículo, podendo ser do tipo NTC ou PTC, como explicado anteriormente.
Certifique-se que a tensão de referência e a alimentação negativa estão corretas. Feito isso, para realizar o teste do sinal com o multímetro nos sensores ACT, siga os seguintes passos:
- Configure o multímetro para efetuar leituras na escala correta de tensão de corrente contínua (VDC);
Multímetro configurado na tensão DC - Com os conectores elétricos do sensor ACT e da UCE conectados, conectar as ponteiras do multímetro entre o terminal de sinal (no chicote do sensor ou no chicote da UCE) e a massa, de acordo com o diagrama elétrico do veículo;
- Para agilizar o teste, com o motor desligado, pode-se usar um secador de cabelo na temperatura quente, desconectar a tubulação da entrada de ar e apontar para duto de admissão, assim, o sensor irá esquentar mais rapidamente e será possível avaliar se há alteração no valor do sinal;
- Analise os valores através da tela do multímetro. Se nenhuma alteração no valor do sinal do sensor for identificada, isso pode indicar que o sensor está ruim e precisa ser substituído;
- A variação do sinal de temperatura do ar enviado pelo sensor à UCE do motor também pode ser observada através da leitura dos parâmetros apresentados por um scanner automotivo habilitado para o sistema, que faça esse tipo de leitura para o veículo em questão.
Sintomas de defeitos que podem estar relacionados com o sensor ACT
Quando alguns sintomas de defeito são observados, atente-se, pode ser que estejam relacionados ao sensor ACT. A seguir listamos alguns desses sintomas de defeitos:
- A luz de advertência de avarias no motor acesa: sempre que o condutor perceber que esta luz de advertência estiver acesa é importante que sua causa seja verificada imediatamente
Luz da injeção acesa - Marcha lenta irregular
- Dificuldade na partida
- Perda de potência
- Aumentar emissões perceptíveis (fumaça)
- Aumento no consumo de combustível
Normalmente, quando algum desses sintomas de defeitos são observados, códigos de falhas podem estar gravados na memória de UCE. Abaixo temos alguns dos códigos de falha OBD genéricos relacionados à falhas no sensor ACT.
Se você quiser saber mais sobre como ler e interpretar códigos de falha, clique no link e acesse o nosso post sobre o assunto!
Códigos de falha que podem estar relacionados com o sensor ACT:
P0095: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 1 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit Bank 1);
P0096: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 1 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit Range/Performance Bank 1);
P0097: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 1 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit Low Bank 1);
P0098: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 1 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit High Bank 1);
P0099: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 1 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit Intermittent/Erratic Bank 1);
P009A: Falta de Correlação entre os Sinais do Sensor de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) e do Sensor de Temperatura do Ar Externo (Intake Air Temperature/Ambient Air Temperature Correlation);
P00A5: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 2 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit Bank 2);
P00A6: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 2 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit Range/Performance Bank 2);
P00A7: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 2 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit Low Bank 2);
P00A8: Falha no Circuito Elétrico do Sensor 2 de Temperatura do Ar na Admissão (ACT) do Banco 2 (Intake Air Temperature Sensor 2 Circuit High Bank 2);
Existem outros códigos relacionados ao sensor ACT, se você é assinante Doutor-IE, pode pesquisar as descrições dos códigos de falha diretamente na plataforma!